Carolina Matta
Mensagens em um perfil na rede social Instagram trocadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), podem colocar em risco a confiabilidade da delação premiada prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os registros, divulgados pela revista Veja, foram submetidos a investigação, e podem enfraquecer a acusação contra o ex-presidente e outros réus no processo por planejarem um suposto golpe de Estado.
No perfil utilizado pelo militar, @gabrielar702, são apontadas mensagens que podem indicar que os interrogatórios podem ter sido direcionados. A investigação procura confirmar também se o autor das mensagens é Mauro Cid, o que, caso seja comprovado, pode configurar o descumprimento do acordo de delação premiada, além dele ser acusado de mentir no interrogatório no STF prestado nessa segunda-feira (09).
Com o enfraquecimento das acusações decorrente desse fato, as defesas do ex-presidente Bolsonaro e de seus aliados também podem questionar a legitimidade das provas contra eles. Nessa sexta-feira (13), o ministro Alexandre de Moraes deu 24 horas para a Meta fornecer informações sobre quem cadastrou o perfil e quem fazia o uso dele.
Perfil usado para troca de informações sobre os bastidores do inquérito
O perfil supostamente usado pelo ex-ajudante de ordens servia para comunicação com interlocutores sobre os bastidores do inquérito que apura a suposta tentativa de golpe, e também apresentar versões diferentes das fornecidas oficialmente à Polícia Federal (PF).
Em seu interrogatório, Cid foi questionado sobre o uso do perfil, e ao respondeu gaguejou. Ele negou a autoria das mensagens, e alegou que poderia ser uma rede social usada pela mulher. Além disso, afirmou que a matéria veiculada pela Veja se tratava de “mais uma miserável fake news”.
A defesa do tenente-coronel também argumenta que o perfil nunca foi usado por Cid, e que também não possui relação com a esposa do militar. O advogado Cezar Bittencourt apontou que o estilo das mensagens é bem diferente do usado comumente por Mauro Cid, visto que nas mensagens há “erros crassos de concordância verbal”, e um tom “grosseiro, quase analfabeto” nos diálogos.
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